Ficções da realidade
Arco íris cinza no horizonte escuro,
depois de tempestade nos sonhos.
Choveu torrencialmente e as encostas do pensamento
se fecharam de lama e lixo.
A enxurrada lavou o chão da pele,
mas deixou umidade no íntimo.
E ainda desce água dos olhos...
O vento varreu folhas e areias,
trincou galhos, mas deixou saudades nos cabelos.
Vai-se o dia sem olhar para trás,
sendo carregado por brumas densas de vapores sem emoções.
Deixa-se ser engolido pela noite
que o degusta com dentes pontiagudos.
Murmúrios após ternura, porque nem tudo são flores.
Vão-se as coisas e as pessoas; Ficam as sombras sem donos.
Solidão maltrata quando regada de dores e lamentos.
Estrelas apagadas esperam um sol,
no gigantesco terreno do céu.
Sons de violino choram eternizando músicas sem tom.
As lápides ouvem silêncio e confidenciam danças sem ritmo.
E ainda desce água dos olhos...
Vida sem brilho, as ficções da realidade!