PROCURA-SE
Pés que caminhem comigo
As linhas de minha vida.
Pernas que me sustentem
Nos tombos que porventura
Eu venha a cair.
Mãos que afaguem meus cabelos
E me façam viajar.
Boca que ao ficar
Sem um beijo meu,
Se desespere de amor.
Ouvidos que apreciem
Bons e velhos Blues.
E uma alma
que se junte à minha alma,
Num dia frio de inverno
Ou em uma tarde escaldante
De um janeiro qualquer.
Alguém que acorde de madrugada
Não para criticar,
Mas para ouvir.
Não precisa ter vivido muito,
Porém, o bastante para entender.
Alguém que me aninhe todo
Na concavidade de seu ombro macio
Vestido do mais puro algodão.
E que, por favor,
Não fale nada,
Apenas decifre meu olhar.