Desprendendo-se
Sou folha nascendo, que encontrou no mundo um lugar para ficar...
Que alegria é chegar assim!
Neste deslumbramento, chego a fechar
os meus olhos, para com a alma, enxergar,
tantos campos, tantas nuvens,
quanto aos pássaros?
Com eles eu faço festa a todo instante,
sem motivos, mesmo presa à árvore,
quando vejo, já estou à cantar!
E o cheiro da terra, depois da chuva?
Com o pouco me contento. Sentir esse mundo imenso, de claridade e de escuridão, este é o meu mundo,
Mundo de bem e de mal. A cada dia estou aprendendo. E eu folha parada, ora seca,
ora molhada, e tudo se esvai, se desprende.
Daqui a pouco estarei em outro tempo, onde serei o pó qualquer de uma folha seca,
passando pelas pedras, serei levada pelo vento, sumirei.
_ Liduina do Nascimento