Cachorros e pássaros.
Que ricos produziriam o comum?
Hoje estou eu aqui cercado. Cachorros latem, pessoas gritam, gargalham e o cachorro volta a latir. Volta e meia eu também grito, porém, quando meus filhos não pulam, não grito. - Decidi! sou protagonista de mim mesmo, ausente dos contratos da mente, sigo.
O cachorro volta a latir. São incansáveis. Ao longe diz uma garotinha, e mais ao longe, alguns passarinhos solitários cantam absurdamente tons que escapam o monocronismo fonético do homem. São habilidosos natos dos tons, e comunicam sabe lá o que. Como uma linguagem sofisticada, parece até que estão dizendo algo nos tons.
Nunca tive vontade de ter um passarinho. -Sim! Digo um porque na favela temos um passarinho. E saímos por aí orgulhosos do seu canto. Conto antigo do interior, ninguém sabe o que o canto diz ao homem, mas, é certo que ele tem um vício pelo seu "cantar". Por isso acorda cedo para saber o que diz o passarinho, e por aí vai, com sua gaiola, parece ouvir conselhos do que fará durante o dia.
Sobremaneira, esses passarinhos alguns livres e outros presos estão cantando por aqui agora. São fascinantes. Dão a ideia de uma selva de pedras com homens e bichos cantando das suas.
Todavia, acabaram minhas fichas por agora. Lembro que tinha começado o texto para falar das gargalhadas, porém, pelo fato delas terem cessado, só me resta a orquestra dos cachorros e pássaros para pensar no próximo instante.