Húmus
É preciso, ás vezes
Que alguns poemas virem
Húmus, para que outros poemas
Brotem desse chão-memória
E mude a história ou não mude
Alguns poemas são ainda mudas
Mudos dentro do peito do poeta
O poema murcha e renasce feito
Flor forte de cactos-rosa.
É preciso, ás vezes
Que o silêncio seja feito á revelia
Para que se possa escutar o rebento
De um poema qualquer, que vem
Á luz e conduz o poeta por ali
Entre suas entranhas e sua estranha
Mania de viver só
É preciso, ás vezes
É preciso estar fixo no ar
E olhar cada movimento
Nunca se sabe de onde
O poema virá.
Milton Oliveira
08mar/2018