Quando se gosta que mal tem?
Descobri que gostar de alguém é muito simples. Aos quase trinta parei de criar teorias, filosofias, e não leio mais pesquisas científicas sobre relacionamentos. Gostar de alguém é conversar sobre tudo, perguntar como foi o dia, é se preocupar quando o outro some, é confiar, trocar receitas, falar sobre o clima, e se o assunto acabar , a gente parte pro abraço, descobre um mundo novo no olhar do outro, é silenciar a voz a tal ponto, que é possível escutar a alma. É achar lindo a cara amassada que se tem as sete da manhã, é fazer carinho até no dedo do pé. É sentir saudades mesmo que a gente tenha se visto hoje pela manhã. É sentir o cheiro do outro a quilômetros. É fazer planos, criar expectativas, mas ainda assim, confiar no tempo como agente do destino, sabendo que as coisas já são. É ter playlist no Spotfy, andar sorrindo no meio da rua, e achar dias chuvosos lindos como dias de sol. É brigar as vezes, mas cinco minutos depois (ou menos) fazer as pazes. É saber que haverão dias ruins, mas que a presença do outro inspira confiança, é deixar o outro livre. É amar ver o outro voar, é voar junto, é crescer também. É dar risada da mesma piada, fazer cócegas, comer besteiras. É saber que mesmo que a gente possa caminhar só nos escolhemos caminhar juntos, não porque é mais fácil, e sim porque a simples presença do outro em nossa vida nos faz bem. Quando se gosta que mal tem?