Varandas Noturnas

Varandas noturnas, pedaços das casas. A calçada conta segredos aos portões e ao primeiro degrau da escada.

A noite faz amor aos sonhos e pesadelos e deixa que durmam cada ser a sua maneira.

Ponteiros do tempo, dependurados nas horas que empurram madrugadas para alvoradas.

Rastros de estrelas são brilhos em areias que não vemos, mas ousamos contemplar, para contar saudades.

Brisas inventam bailados; e levemente mexem com folhas e cabelos soltos. Passam pelos sinais de trânsito e cruzam avenidas deixando se pousarem sem saberem onde.

Olhares se cruzam apressados; o medo acelera a vontade de consumir distâncias na rua.

Os caminhos da vida são trilhados com a sabedoria que se adquire dia após dia.

Que se tenham víveres para saciar a fome de justiça, de amor, esperança e paz.

Que se farte de água para mitigar a sede que proporcionam as desigualdades e para lavar as almas sujas e levar em enxurradas os preconceitos tolos.

Que se derrubem muros e construam pontes.

É que as varandas noturnas observam a desordem dos sentimentos, a beira das ruas; Das almas nuas.

Relento abriga orvalhos e um tanto de cidades; e açoita peles desprotegidas.

Passam-se os dias e vão-se as noites, ficam os humanos, perecendo todos a sua maneira. Uns maltratados e esquecidos, outros bem cuidados e vazios em si.

Takinho
Enviado por Takinho em 07/03/2018
Reeditado em 21/08/2020
Código do texto: T6273529
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