Estrela cadente
Reeditado
Quando a cicatriz é de amor, deixa lamento,
quando nela mexemos, dói em desalento.
Lançamo-nos aos céus para nunca mais voltar,
Sonhando com o ninho que queríamos pousar,
tristes, sem esperança, nos resta chorar!
São milhões de voos e você não se cansa,
quanto mais longe das águas dos rios...
sobrevoando o alto mar, avistamos à deriva
aquele coração desolado que não quis amar.
Os mesmos ventos que levam as paixões,
amores passageiros, tangem-nos, enquanto
quebram-nos... o amor permanece inteiro.
Os ventos levam sentimentos
que se afundam na primeira tempestade,
o amor não, peregrina pelos céus
sentindo uma estranha saudade.
Quem ama, sabe que amar é recortar-se,
num remendar-se sem fim,
não importa se o amor não olha nos olhos,
está passando, dizendo que não, não.
Não ao sonho que de real não quer sentir.
O que o vento leva se perde no ar,
deixando no coração o desejo de amar.
Amar é um sair de si mesmo sem rumo,
é viajar pelo infinito das lembranças,
é sentar-se na ponta duma estrela cadente,
chorar sem consolo, copiosamente...
Depois retornar ao seu leito, pensando;
E tudo o que eu mais temi perder, nunca
de fato tive, amo, mas de um jeito diferente.