Estrela cadente

Reeditado
              
Quando a cicatriz é de amor, deixa lamento,
quando nela mexemos, dói em desalento.
Lançamo-nos aos céus para nunca mais voltar,
Sonhando com o ninho que queríamos pousar,
tristes, sem esperança, nos resta chorar!

São milhões de voos e você não se cansa,
quanto mais longe das águas dos rios...
sobrevoando o alto mar, avistamos à deriva
aquele coração desolado que não quis amar.

Os mesmos ventos que levam as paixões,
amores passageiros, tangem-nos, enquanto
quebram-nos... o amor permanece inteiro.

Os ventos levam sentimentos
que se afundam na primeira tempestade,
o amor não, peregrina pelos céus

sentindo uma estranha saudade.

Quem ama, sabe que amar é recortar-se,
num remendar-se sem fim,
não importa se o amor não olha nos olhos,
está passando, dizendo que não, não.

Não ao sonho que de real não quer sentir.


O que o vento leva se perde no ar,
deixando no coração o desejo de amar.
Amar é um sair de si mesmo sem rumo,
é viajar pelo infinito das lembranças,
é sentar-se na ponta duma estrela cadente,

chorar sem consolo, copiosamente...


Depois retornar ao seu leito, pensando;
E tudo o que eu mais temi perder, nunca

de fato tive, amo, mas de um jeito diferente.
 

Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 04/03/2018
Reeditado em 22/10/2024
Código do texto: T6270676
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