EM ALGUM LUGAR.

Arde no meu peito um descomunal amor à sua pessoa, e com palavras confesso que não saberei dizer, todavia, esse amor apenas arde, e por vezes queima, assemelha-se com brasas que são tiradas do fogo e colocadas na pele. Esse amor é assim, dessa forma, nesse nível. Não há muito o que dizer a respeito dele, não há como defini-lo de outra maneira; essas, embora imprecisas, são as únicas palavras que encontrei neste momento. Toda a grandiosidade desse sentimento não pode ser mensurada e nem manuscrita.

O meu peito parece querer arrebentar a fibra que enlaça à dor vivente, tamanha é essa dor de te amar, sim, é a dor de te amar tanto, esse amor desmedido, desmesurado. Sou este poeta louco apaixonado, jogando palavras pela janela da alma. Meus versos... Nada podem dizer. Você causa essa sensação em mim, esse desconforto, esse incômodo. Já não sei o que fazer; já não sei o que escrever. Meu peito apenas arde, é dolorido, mas é bom, como pode, diga-me, como pode tamanha dor ser tão boa? Quisera eu compreender os mistérios de nossos corações, quisera eu ter todas as respostas para as perguntas que o amor deixou em minha janela. Talvez por esse motivo tornei-me poeta, sim... Agora entendo, ou, pelo menos penso entender a razão de ser quem sou com os versos que escrevo. Os poemas, são os dizeres não ditos de uma alma que não se pode decifrar.

Como é grande esse amor,

Que me consome por dentro,

Como é bom esse sentimento,

Desnudando meu coração,

Os meus negros olhos que o digam,

Se as minhas lágrimas falassem,

As minhas incontáveis lágrimas versassem,

Se elas se transformassem em palavras,

Os livros do mundo inteiro,

Não as comportam,

Como é grande o que sinto,

Digo a verdade e não minto,

Esse amor me consome,

Lentamente dia após dia,

Até se transformar,

Em chamas flamejantes de amor.

Hoje é o segundo dia deste terceiro mês do ano de 2018, o beija-flor, aquele mesmo de outrora, é a razão destes meus versos insanos, é na verdade, a razão de toda minha insanidade. As vezes, quando o beija-flor surge no castelo de cristal, na torre alta, muito raramente quando temos a oportunidade de estarmos sozinhos, sem os súditos do castelo - eu confesso - Meu desejo é beija-lá… Ah!! Como eu desejo aqueles lábios tão divinamente formados, molhados de paixão, a cada movimento, a cada palavra dita, enfim, me enlouquece como bem podes ver.

Outro dia, permita-me contar-lhe rapidamente, quando o beija-flor ainda estava no castelo, em um fim de tarde agradável, eu bem me lembro, ela saiu do castelo para ver outra ave igualmente majestosa. A certa hora da noite, temendo a fúria da rainha vermelha do castelo, que ensandecida em fúria pela sua ausência até aquela hora, certamente a prenderia por vir tão tarde do reino, eu tive que intervir, me despir das vestes reais, coloquei vestes de camponeses, e fui até ao seu encontro. No retorno ao castelo, eu a instrui como deveria proceder perante a rainha vermelha, assim ela fez, e nada de ruim aconteceu-lhe. Lembro-me, que naquele trajeto de retorno ao castelo, certamente que foram, o melhor de todos os momentos que tive ao seu lado. Eu a amo... Sim… Eu a amo com certeza. Embora seja proibido a este aedo relacionar-se com alguém do reino das celestiais - assim é denominado o reino das aves majestosas nestes domínios - sei que um dia, em algum lugar, em um dos doze reinos paralelos, encontrarei uma maneira para ficarmos para sempre juntos.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 03/03/2018
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