É que a tarde enamora-se da noite
É que a tarde vai caindo e a noite já vem ávida,
com mãos escuras para não deixá-la ir ao chão.
Em doce arte do universo pintarão estrelas no céu.
Um luar suspenso se fará de brilho vestido pelo sol.
A tarde se aconchega na rede dos arrebóis;
E desce serena por detrás das paisagens e cidades.
Canções que o silêncio ouve; Apenas ele se encanta.
Amores que se faz a cada dia, pessoas que se desfazem sob amores, porque a desilusão é da cor da noite.
A diferença é que a noite dá escuridão, mas oferta luzes.
Passam pessoas apressadas nos caminhos de volta para casa.
Passam sentimentos atordoados nos caminhos sem volta para casa.
É que a tarde leva o fim do dia e o entrega à noite;
que às vezes tem colo de esperanças. Outras vezes tem medo e ausência. Tem noites com dedos de carícias e desejos.
Os lares se vestem de gente, compartilham sentimentos.
As ruas se despem despudoradas abrigando na pele, afagos de brisa.
Deixam-se tatuar por pés que caminham solitários
e por corpos que se abrigam ao relento. Machucadas e trincadas de um dia, oferecem ainda o corpo para novas feridas, que automóveis provocam no indo e vir infinito de todas as horas.
É que a tarde enamora-se da noite; E juntas escurecem num abraço de despedida e ao mesmo tempo de encontro.