Espelho

Me olho no espelho e penso sobre o que há de errado comigo

Me sinto diferente de outros milhões

Ou me pergunto, se não são eles que me fazem sentir assim

Teriam mesmo tanto poder?

É de uma personalidade sem graça, não atrativa

Estranha invisível existência, observando o universo de ser sozinho

E a beleza de acostumar com meu vazio

Mas nem por isso sou menos, porque não me é permitido ser menos

Para quem está à beira no mar valente, um empurrão faz a correnteza te engolir

Não conto de dores porque ninguém ultimamente anda ouvindo nada com nada

Não falo nada porque nada vindo de mim seria interessante a desmiolados de padrão

No mundo a ditadura da beleza reina, se és “belo” nesse jogo já entra com bônus

Se não és belo tens de correr para ser

Ou sempre se olhará no espelho questionando sobre o que está errado

Sendo que o errado talvez seja apenas um mal entendido

A vida é um sopro, uma inutilidade no tempo

Uma máquina louca de fazer lembranças

Que no fim, se não for a demência, a morte as rouba.