PALAVRAS
Se abres tu a boca em fel e cravas
como agudas farpas tuas vans palavras
arranca-me o céu dos pés e o abismo afaga
o corpo em queda e livre da minha própria alma.
Debalde esperneia o olhar nas trevas densas,
desesperadamente no vazio que traça
as linhas doloridas do silêncio fácil
riscada na pele nua pela Flor de Lácio.
Convém que o meigo riso em mágoa se desfaça
ao vento da tormenta com a mesma calma
com que se construiu o frágil sentimento.
E a indiferença amiga da desgraça
com seu hálito quente vá petrificando
a última semente deste solo árido.