FRAGMENTOS E CISMARES 10
[E SE A CHUVA...]
E se a chuva que bate na vidraça for você querendo entrar?
Trazendo nos olhos as nuvens escuras por tantas tristezas que o flagraram na caminhada torta?
Chorando a ausência que nos impôs quando resolveu seguir o canto dos pássaros do leste?
Sinto essa chuva se adensando em meu coração... Saudade. Angústia. E medo! Essa expectativa antiga ficou sem nome... Pulsa como uma veia dentro de mim... Vibra como um soluço, abafado mas contínuo.
E se esta chuva que bate nos vidros e escorre como lágrimas for você?
Afastarei os vasos de gerânio que se perfilam no parapeito, escondendo as alças da vidraça, fecharei os olhos, abrirei a janela!
Quem sabe você entra como um arco-íris de pós chuva.
Mas se não for você, se não se transmutou em natureza e água para que eu lavasse o passado e o perdoasse, se não for... por favor, não chova nunca mais! Não molhe meu coração numa outra tarde assim.
Recorte de imagem encontrada na internet.