O viajante


 
Ele não perde tempo, não desiste de ir, atento, atravessa
caminhos, trilhos, enfrenta redemoinhos e tempestades.
Vê no amanhecer, o tempo lhe mandando partir.
A claridade sempre será uma gaiola de portas abertas,
rompendo a noite, mostrando uma nova orportunidade.
Deixou as pétalas aveludadas dos sonhos
atrás de si, sonhar para quê?
Saiu do vale da tristeza, mas, nada mais o encanta,
a cada dia que lhe for dado, cumprirá o desafio que é viver.

Não tendo um lugar fixo para morar, pensa, onde chegar
é a sua casa. - Certamente as estradas são mágicas
e traiçoeiras...

Haverá sempre um lago, uma árvore que lhe dará sombra
para descansar. - Dentro de si os temores perderam a força.
Segue assim, o viajante em suas estradas,
dele tão conhecidas,
elas por si se indagam, do que é feito o destino dessa alma,
Sem rumo? Pois nem um horizonte o espera,
incansávelmente esta alma, ao horizonte se reporta,
sem cessar. Porque será?

O que a estrada não sabe é que nela, o viajante não confia,
A nada ele se prende, tudo passa.
Os seus sonhos são raios ao longe antes das trovoadas.
O seu olhar mais profundo é o medo das curvas, 
é o apito do trem... Dá uma pausa, espera ele passar, 
agora é ele, o viajante de si mesmo, a estrada e mais ninguém.
Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 24/02/2018
Código do texto: T6262776
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