Um olhar
Já me perdi num olhar.
Já olhei perdido.
Entre achados e perdidos, me encontrei.
Em mim mesmo.
Estava com saudade de mim.
Não queria atuar.
Mas atuar é preciso.
Estão a me vigiar.
Basta me conectar.
O mundo não me conhece.
Então, como diz a canção, só queria mostrar, meu olhar.
Olhar vigiado.
Olhar contagiado.
Então, entre tantos olhares, elevo minha fronte.
De onde me virá o socorro?
Do juiz que me julgará.
Que por mim morreu.
Que escolheu amar primeiro.
Assim, reabastecido, o lenitivo do santo colírio me reintroduz ao pleito.
No leito, bem feito, impoluto e resoluto, volto a olhar.
Abraço e acolho.
Querem me julgar?
Fiquem à vontade.
Não tenho compromisso com o terreno tribunal.
Continuarei olhando para O autor.
O autor não é ator.
Isso me basta.
Teófilo Sabiá