REFLEXOS / REFLEXÕES.
O reflexo que aparece no espelho, não se parece comigo. Não parece com a imagem que tenho de mim em meus pensamentos. Nela meu rosto não tem rugas ou marcas da passagem do tempo. O semblante do espelho me joga diante de uma realidade, que poucas vezes aceitamos, escondemos ou evitamos demonstrar.
Fico a pensar: Será que o tempo quer me confundir? Será que existem dois corpos a levar uma única alma?
Onde está o jovem que habita no meu íntimo e que todas as vezes que se olha no espelho sente-se um desconhecido?
Qual será o verdadeiro? Aquele marcado pelas idas e vindas do tempo ou o que se imagina no corpo eternamente jovial?
O jovem age como se tivesse toda estrada a percorrer, como se o caminho estivesse apenas no início. Mas o reflexo do espelho tira toda essa segurança da juventude eterna. E com seu grito imaginário e ensurdecedor reprime.
Que conflito de corpos, de imagens , de percepção.
Dois corpos, uma alma indecisa.