NOVO MUNDO

Sendo eu tão louco, me joguei em teu corpo a desbrava-lo. Como Colombo, lancei a mão a caravelas, a desbravar o novo mundo.

Era agosto de 2015, lembro-me zarpar na selva de seus cabelos, que eram tão negros como a noite, porém, vivos como flores a desabrochar na primavera. Densos, oh... como eram... sim! Eram uma natureza selvagem de pura sedução, que não fora fácil de ser transpassada.

Lançando-me novamente a esta aventura, já estava obstinado, pus-me a conhecer mais. Era belo, cômodo, sereno, mas também havia furor, onde se escondiam riquezas criativas. Ahh... sim, sendo eu um marujo de primeira viagem, perdi-me nessas idas e vindas, nesse mar de paixões.

As velas estavam expostas, serenidade, doçura, medo e desejo me levaram até as ilhas negras de seus olhos, sendo este paraíso um profundo mar de mistérios, pareciam falar por si só, ali, como pelo canto de uma sereia, que fazia-me de refém apenas pela maneira de olhar, atraquei e vi muitos de meus homens sucumbirem aos teus encantos.

Confesso, foram léguas de tempo a se perder naquele remanso de troca de olhares. Já não era opção permanecer ali, suas corredeiras já me colocavam a zarpa, e assim foi.

A léguas de distância, admirava, já os viam, e como os viam... eram lindos. Reconheço, me imaginei por inúmeras vezes a velejar ali, entre os labirintos carnudos e venenosos de seus lábios. Como fizera Rita a Camilo¹.

Lembro-me quando assim me fez, pingando de seu mais doce veneno em meus lábios, formaram-se as mais altas ondas de emoções, desejos, medos e frenesi, que me levavam a sucumbir no teu alto mar de encantos. Já não me restava homem algum! Então em face de seu maior encanto me destes a mão e, por fim, tu que me desbravastes e levastes meu coração.

¹Rita a Camilo.A cartomante, Machado de Assis.

D`Souza Gabriel
Enviado por D`Souza Gabriel em 16/02/2018
Reeditado em 23/02/2018
Código do texto: T6255204
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