ICEBERGS
Há um oceano de lágrimas no fundo dos nossos olhos. Algumas são tão antigas que acreditamos terem se perdido em meio a tantas outras. Ledo engano. Elas se solidificaram. Viraram icebergs. A profundidade que se esconde sob a superfície é imensa. Quando elas teimam em se desprender e rolar, não há nada que possa detê-las. São maiores do que o próprio oceano que as contém. Transbordam e escorrem lentamente pelos olhos, fazendo lembrar tudo aquilo que tentamos esquecer. Fingindo-nos de fortes, tentamos aplacá-las e, por vezes, até conseguimos. Nós as prendemos novamente. Pensamos que a fonte secou e eis que ela ressurge, imensa e implacável. Lava tudo que existe no caminho. Vem pra nos lembrar que nada permanece guardado pra sempre.