Dias normais
Das ruas sujas, saudades espalhadas na mente.
Vão se as festas e fica um pouco da gente.
Ilusões desenhadas por tempos se penduram nas fumaças esvaindo-se em distâncias. É que a vida é feita de momentos e de um tempo só.
Aquele tempo que impiedoso passa no alvoroço das comemorações.
É o mesmo tempo que passa em frente à quietude do dia seguinte.
Lavam-se sobras e restos e resta ainda a necessidade de se lavar a alma. Beiras de portas, esquinas espreitando janelas, assim como ficam as coisas voltando à rotina.
Vão se os desfiles; ficam as passarelas sem enfeites.
Seguem nostalgias atrás de pessoas que mais tarde irão lamentar o passado. Todo lamento é perda.
As emoções são peculiares às razões. A diferença, é que a primeira é audaciosa; a segunda é somente aventureira ou paisagem quieta.
Seres tão cheios de si, formando multidões para se preencherem dos outros. O amor e o ódio e todas as suas relações se mostram na junção das pessoas, empenhadas em festejar algo.
É que seres humanos são intuitos e projetos; e são instintos e objetos da necessidade de se fazerem conjuntos, somente para atentarem para sua particularidade, que antecede e sucede cada festa em si.
A vida não passa de ilusão, na avenida sem máscaras e sem fantasias, dos dias normais.