A Espera
Eu preciso te esperar, aqui dentro já é noite
E os velhos medos visitam-me tão calmamente
Sei dos teus amigos todos, te ocupam a vida
E a graça já antiga em teus lábios franzidos
Mas eu preciso te esperar aqui, por dentro
Estou farto desta mesma paisagem, do azul
E toda minha vontade é sair deste quarto
E todo meu desejo é ir a outra janela
E olhar e olhar e olhar.
Eu preciso te esperar com toda minha esperança
E me agarrar a ela com força, com devoção
Agora a hora passa lenta, quase se arrasta
E os meus medos aumentam tanto, tanto
Não certeza da tua presença erguida, sóbria
Mas te esperarei com poeira nos ombros
Com poesia nos olhos, com caminhos nas mãos.
Não te quero dizer verdades absolutas
Quero que escute meu rouco eu te amo
Milton Oliveira
15fev/2018