O ÉBRIO


O ébrio esconde até de si seus graves segredos, afogando suas mágoas num copo fundo de vidro.

Transborda em pranto e em agonia, sufocando uma dor anestesiada que nem sabe mais onde foi que guardou.

O ébrio esqueceu que vive e respira, dizendo não mais merecer a felicidade, a sorte e o amor.

...cansou os olhos e desvia da vida um olhar que nem seu espelho o reconhece e por causa disso nem mais encara sua face, sem rosto.

...perdeu o seu rumo, mas sabe bem onde dará o final desta estrada que já não é mais a mesma, todos os dias.

O ébrio conduz seu resto de vida pra morte, amparado num corpo tantas vezes carregado e despejado num cantinho que bagunçou , pra ser o seu lar.


O ébrio se escondeu dos seus, se afastou do amigo que um dia apertou sua mão e em seguida partiu!

O ébrio passou, se entregou sem dizer, sem se ver, sem perceber não viveu!

O ébrio marcou um encontro, guardou um segredo , esqueceu-se de contar  para si mesmo e perdeu!

O ébrio bebeu, bebeu, depois de muito beber, arregalou-se, suspirou sem ter dor e morreu!