Fuga
Em minha volta, vejo tudo envelhecer.
A cidade, as árvores que guardam folhas mortas, e cemitérios.
Ouço minha avó declamando sonetos centenários, e nenhum mosteiro Beneditino que me traga algum mantra de paz.
O Hippies fugiram de Nova York, e as passeatas, de Paris.
Os Monges vestidos de amarelo, não perfumam incensos pelas ruas do Rio de janeiro.
Os passos do ano de mil novecentos e setenta e dois, se arrastam em pernas velhas e corpos corrompidos.
O sangue vai envelhecendo nas veias das avenidas, vai enferrujando o tráfico, vai multiplicando o trágico e envenenando o pulmão do mundo.
Toda virtude foi castigada. Os poetas se perderam dos versos. Tudo respira tédio e solidão.
Vai a noite ainda. Vai e não foi, o que já foi um dia, o sorriso de um sol que se apagou.