Assunto Delicado
Falar de amor sem um fim, equipara-se ao pueril, soneto de uma letra só, chuva das palavras vazias.
O amor por si não se basta, pede liga com um objeto de adoração.
Sabe-se lá se a palavra amar, com todas as conjugações verbais, foi criada pelo homem para por um ponto final ao inexplicável, este quê do ser, indefinido, que alcança todas as plataformas, preenche o pequeno e grande em nós, acomoda a razão, levando-a até a arquibancada.
Não quero acreditar que este sentimento tão grande, que nominamos de amor, possa ser produto do achismo. Ligá-lo a qualquer sentimento superior humano, é leva-lo ao destaque, como a Rainha é para a bateria na escola de samba, carro chefe que garante a completude interior, líder das virtudes, acolhedor em última instância, como os braços da mãe.
Na dimensão última em nós, o amor, como móvel que impele o coração a bater, é o que dá sentido a Trindade que habita em nós, o Pai e o Filho interagindo com o Espírito Santo, os tornando Um, dando significado a ideia que trabalham em conjunto no homem para motivá-lo a encontrar a perfeição, a bem aventurança, o estado de graça almejado.
Isto! É bem nisto que me acalmo. Sem um passo a mais, ajo sem objetivo certo neste campo, amor, caso sem solução parafraseado pelos poetas nos tempos, fala última que acetina os versos, adorna histórias tristes, acalenta a fala de fundo que nos atormenta, o fato de sermos um mistério entregues ao nada.
Mesmo com o instinto primata que me persegue, estado de alerta na guerra da vida, com medo de não alimentar e ser alimento, quero adentrar cada vez mais nesta ideia luminosa que nós definimos como a satisfação última e profunda a realizar, o amor. Expandir a consciência nele, encampando tudo e todos na aceitação e compaixão, é o desafio, em meio a tantos porquês, ais de todas as fontes.
Quero chegar na condição de poder abandonar o acesso a ele pela poesia, e definitivamente encontrar sua verdadeira significação em nós, na vida. Matando a charada.