FUNDO DO POÇO
Perguntaram para mim onde vamos parar
Não sei, respondi sem falar.
Estamos indo pelo ar
Mas pode ser dentro do próprio lar
Uns acham que vamos é encostar
Outros que vamos frear
Alguns acham que vamos desembestar
Há aqueles que não gostam nem de opinar
Eles têm medo até de estagnar
Nesse desfiladeiro tudo parece terminar
Até aqueles que sonhavam pararam de sonhar
Os brigões estão desanimados não querem mais brigar
Os orientados estão ao ponto de se desorientar
Os amantes estão deixando de amar
Os educadores estão tristes sem ânimo para ensinar
Os responsáveis pela saúde não sabem como as doenças curar
Os trabalhadores estão sem ânimo para trabalhar
Perguntaram para mim onde vamos parar
Não sei, respondi sem balbuciar
É isso aí!
Acácio Nunes