Fernanda

Fernanda

Capítulo 1

Em uma manhã nublada do interior de Minas Gerais nasce com olhos azuis turquesa, lembrando o amanhecer do céu a loirinha e linda Fernandinha.

Esta bebê veio com um destino repleto de romances possíveis e se transformará numa mulher fatal, cobiçada desde tempos pré-escolares por jovens afoitos por seu suave sorriso e delicadeza.

Um jovem, bem jovem apaixona-se por ela, o seu olhar brilha e seu coração dispara em ritmo alucinante pela presença de Fernanda. Começam a escrever e o jovem Roberto percebe que será difícil conquistar a garota, pois esta é muito disputada.

Escreve poesias platônicas e Fernanda descobre, mas mesmo assim Roberto não tem habilidades suficientes para manter uma aproximação que possa garantir um amor.

Ela senti que Roberto a ama, mas Gustavo a ama, Getúlio a ama, Ernesto a ama. Que situação!

Cortejada, ela se torna soberba, mas sua suavidade permeia o potencial carinho que dispõe a envolver aquele que for o sortudo da vez.

Ainda na juventude Roberto é desafiado a provar seu amor e como não consegue, por simples falta de habilidade e ansiedade, virar o jogo para o seu lado.

Situações acontecem, ele sonha com ela durante muitas noites, são sonhos que remetem a uma realidade impossível na vida real.

Roberto não sabe se Fernanda tem interesse nele, Fernanda nunca é clara e aberta em seu comportamento. Ora quer utilizar alguma vantagem, testa-lo, e ele confuso sempre se saí mal.

Certo dia Fernanda caminha pela frente da casa de Roberto que observa a rua pela janela e vê Fernanda de mãos dadas com um rapaz. O coração de Roberto dispara, ele não se dá conta em si, como pode?

Misto de amor, paixão, ferida. Imagina tudo. Vinga-se na ingenuidade.

Como pode Fernanda, ele escreve:

Fernanda, flor mais bela do jardim.

Disputada desde os mirins.

Amor rebelde e fervoroso.

O que sinto pode chamar de desgosto.

Um dia quem sabe?

A sorte pode mudar.

Com Fernanda eu sei.

Alegre irei ficar.

Te amo doce donzela.

Te quero porque tão bela.

Doçura mulher

Bem me quer.

Paixão é o que sinto.

Envolve minhas entranhas.

Digo e não minto.

Porque não me amas?

Fernanda deve perceber o desconforto de Roberto, mas o tempo não favorece, ela muda de cidade, vai estudar na capital e deixar um amor órfão sem igual.

De repente um encontro inesperado, olhares se cruzam, Roberto senti um misto de emoções, amor ferido, timidez vergonhosa, mas esperança.

Que bela é ela

Por que não me vês

Brilha na passarela

Fernanda outra vez

Um pombo, uma arte

Quem sabe do amor

Fizeste esta parte

O meu destemor

Não há testemunhas

Não há compaixão

Quem ama se afunda

Até na solidão

Sorriso não houve

Olhares apressados

Quem dera um dia

Estarás ao meu lado

Roberto segue amando, mas como está tão difícil entender este jogo, onde a bola só bate na trave, nenhum jogador tivera tão falta de sorte. Porém, segue em frente, uma outra oportunidade, mas as lembranças remetem a uma transbordante pegada de sensações, e aquela troca de olhares anima Roberto, imagina Fernanda com seus lindos olhos, face doçura, boca delicada, pele macia, desejo que só se percebe, depois de muita poesia.

Um sonho recorrente, Fernanda está sempre presente. Uma calorosa paixão, vivenciada na lembrança.

Sonho todo dia

Com você minha querida

Vivo com paixão

Mesmo na solidão

Enfrento os adversários

No meu sonho tudo acontece

Será desnecessário

E um beijo lhe peço

Um dos rivais é Heleno

Um jovem moço bonito

Eu fico querendo

Tira-lo do seu partido

Que amor, no sonho luto contra Heleno que considero o rival, mas depois estou com Fernanda, acreditando formal um casal; as delícias da paixão, os desejos mais profundos, no sonho tudo acontece, amo-te plenamente.

Ela está como sempre exuberante, feliz considero que estou, mas o sonho acabou. Agora na realidade é esperar uma outra oportunidade, vivo de esperança e sonho, amor, amor, medonho.

Ah! Que encanto

Alegre Fernanda

Sorriso e pranto

Cheio de esperança

Num navio te vejo

Loucura suave

A febre do beijo

Espero mais tarde

Amada, querida

Você sempre segue

Causando ferida

Que me persegue

Hoje não falo

Apenas contemplo

É um abalo

No sentimento

Verdade diria

Ser impossível

A porta abriria

E ela visível

Não nua, talvez

Não sou tão ousado

Apenas calor

Do apaixonado

Lembranças de sonhos juvenis são recorrentes para Roberto. Roberto sonhou que Heleno teve uma disputa pelo amor de Fernanda. Como é marcante esta paixão.

Abraços e beijos

Permitido pela Deusa

Que comanda os eixos

Da natural beleza

O poder se inverte

Na conquista ideal

Este homem insiste

No feminismo visceral

A dama percebe

Que o apaixonado chora

Porque sofre inerte

No momento do agora

Verdade seja dita

Um amor tão platônico

Reserva ferida

E muito incômodo

Mas é feliz quem ama

Vivendo melhor

Sem essa chama

Tudo seria pior.

É muito amor, paixão e desejo.

Fernanda amada, te quero, te sinto, te vejo. Roberto fica num estado de êxtase duradouro pensando nela.

Ao rememorar o rosto dela pensa na delicadeza das formas, nos suspiros, nos prováveis gemidos, nas doces palavras verbalizando o amor. Como é nobre, gigante e potente esta paixão.

O sorriso, somente o sorriso bastava para enlouquecer Roberto, para faze-lo trepidar nos passos apressados do desespero do contente. Feliz aquele que ama, no caldo da harmonia dos sentimentos se perde nos sentidos pois se a voz de Fernanda é mais agradável que qualquer uma das mais belas sinfonias compostas, imagina-se quanto de energia está condensada naquela amada mulher que longe de ser uma sereia que domina pescadores ela ensurdece Roberto na terra firme , longe de qualquer Mar, nos horizontes de Minas Gerais.

Mas Roberto sofre, sofre por amor, advertido por si mesmo de que não domina a indomável paixão, enceguece como se o sol do meio dia no deserto dos afetos escaldantes lhe rompesse a realidade, demonstrando das lembranças de uma vida inteira, o olhar de Fernanda é a reprodução mais fiel da presença Universal da realidade visual mais nobre e potentosa.

Roberto diz eu te amo, com um carinho e uma mudez insustentável, pois diz isso a sós, sem que haja um ouvido para representar e testemunhar o valor de tanto amor que a cada dia se torna mais pétreo platônico.

Querida amada Fernanda

Como posso perceber

Não dirás que me ama

Mas não impede acontecer

Sou fiel ao sentimento

Que me adorna o pensamento

De sempre pensar em você

Que um dia possa falar

Abertamente pro mundo

Que a voz não cala

E quanto isto é profundo

Profanas meus sentidos

Adúlteras minhas razões

Forjando até gemidos

Nas imaginações

Quero seu abraço fraterno

De amantes de há muito tempo

Como seu olhar é terno

Para todos os momentos

Criança eu era um dia

Hoje já não sou mais

Mais minhas lembranças

Quer viver por onde estais.

Tempos de uma velha infância, onde desejares uns trocados para lanchar, toda meiga e na certeza leva como testemunha uma amiga, entrares na sala, oh Fernanda não compreendeste um coração ferido, és meiga e delicada no pedido, mas Roberto nega a solicitação.

Quem dera um dia me perdoarás, isso fica na minha memória, misto de tortura e insensatez. Para te compensar Roberto declara:

Oh! Meiga Fernanda

Por onde andas

Meus passos seguem

Em esperança

Desiludida e arrasada

Penso que estais

Mas quem paga

É seu nobre rapaz

Podia ter dado

O que pediste

Mas magoado

Ficaria triste

Em todas incertezas

Existe uma dualidade

Será que Roberto

Agiste com honestidade

Amor comprado

Ninguém queria

Mas o culpado

Aquele que merecia

Um dia talvez

Os amores reais

Serão de uma vez

Totalmente capaz

Seja no Inverno da vida,

Uma despedida

Que outrora uma vez

Pode ser vivida

Fernanda desejo

Que me morde na alma

Não peço despejo

Do meu coração que abala

Concluo que um dia

Uma resposta terás

Para humilhantes ultrajes

Que me condenaras

Peço desculpas

Dizes que é tarde

Mas para culpas

Só resta piedade.

Um dia inesquecível, uma situação corriqueira, mas inusitada. Roberto e Fernanda, neste dia os dois tiveram um momento juntos, sexta série colegial, Roberto super apaixonado, hora do recreio, eles ficam por um momento juntos, não passa de três minutos, mas totalmente sozinhos, quando já terminara a hora do recreio ou intervalo, meio as escondidas atrás da sala e entre o muro, ela sentada, ele de pé, conversam, mas nenhuma palavra dita foi memorizada.

Parece que Roberto que tanto ama Fernanda, não consegue dizer o que deveria ter dito, o que importa? O importante é que ela deu atenção.

Ah o amor, que deslumbramento, será que isto poderia se repetir, Roberto passa dias rememorando, é uma das suas grandes e fortes lembranças.

Será que Roberto teve uma chance? Se teve, desperdiçou.

O momento foi tão agradável, conseguiu atenção por uns instantes, ela, doce, meiga, linda. Ele, apaixonado, romântico, mas na esquiva; porém é demonstrável seu contentamento.

Quando voltou para sala de aula só pensava nela, ela já protagonizou muitos sonhos de Roberto, neste dia ela monopolizou.

Certo dia, professora entregando as provas corrigidas, Fernanda faltou na aula, propus entregar a prova dela em sua casa.

Fiquei Feliz, iria encontrar a amada, tensão em vê-la.

Fiz como uma coisa natural, mas para mim era muito importante, cheguei perto da casa dela e mesmo antes de chegar, ela grita meu nome.

Quando encontrei com ela, estava com coração batendo forte, tentei disfarçar e sorri, a prova já estava meio rasgada, amassada e ela reclamou do rasgo e da nota, no caso de uma questão que foi tirado pontos que ela contestou.

Conversámos rápido, não havia motivos para papiar, não estava habilitado para lidar com romance.

Um jovem como eu, apaixonado, sem ter habilidades especiais, como poderia agir?

Em mim, Roberto, estava plantado a árvore do amor, da paixão, do desejo.

Como disse Freud, desejos nunca são satisfeitos. Mesmo porque fazem parte do Ego. Coisas que só Freud explica, pensei muito tempo naquele encontro, o que poderia ter dito? O que poderia ter feito?

O Universo não conspirou a meu favor, e se tivesse conspirado tinha deixado o Universo decepcionado.

Lembranças da infância, como pode o despertar do amor por uma mulher vir tão cedo?

Vizinhos amigos na infância, naqueles dias cor-de-rosa da vida, fomos brincar, mas aquele dia foi naturalmente marcante.

Brinquei com as amizades e dentre elas com Fernanda, umas amigas colegas fomos até a casa de Fernanda brincar.

Jogamos o jogo da verdade, corremos atrás uns dos outros e em especial um incidente.

Fernanda correu atrás de mim, e chutou minha bunda, que chute gracioso, que sentido de pertencimento, gastaste energia e vontade para correr atrás de mim, como quem persegue alguém a quem dá valor.

Eu, Roberto, hoje não posso significar alguma coisa para Fernanda, mas naquele dia eu era alvo de suas traquinices.

Que boa rememoração, que bom significado, talvez Fernanda seja inatingível amorosamente falando, mas pode que algum dia foi e isto já basta para minha vida.

Sei lá, muitas pessoas casam tem filhos e se detestam depois, eu e Fernanda nunca abraços trocamos, mas para mim ela significa muito, mesmo sendo eu talvez injusto com o universo, porque diz uma canção “ Ninguém é o centro do Universo”, eu sei que não sou, ela também sabe, mas no meu universo particular ela já participou bastante.

Como é breve o tempo colorido da paixão, és linda mesmo que afirmem o contrário.

És doce, mesmo que o sal da realidade se oponha a toda comprovação.

És sublime, apesar de estar indisponível.

És lucidez, perante a loucura em te desejar.

És vitória, sem batalhas.

És rompante, apesar do silêncio de não ouvir a sinfonia mais bela pelo timbre de sua adorada voz.

És verdade, apesar das alucinações.

És certeza, apesar dos delírios.

És vontade, sem oportunidade.

És encantada, porém não há mágica.

És amada, mesmo este amor sendo ponderado pela atual racionalidade.

És paixão, não és ilusão.

És enfim conformação, pois de tudo que imaginei, sonhei, vivi, senti,; talvez não fosse tão perfeito se me deleitasse em seus braços, se sentisse sua boca, saliva, ventre, pernas, olhos, voz, sentimento. Pois talvez quebraria ou trincaria o troféu do amor romântico que sinto por você. Talvez por pouco tempo nada mais seria, talvez, hoje, não sinto mágoa e poderia ter sentido. Mas o amor que tenho, apesar dos pesares digamos seja mais fofo e dengoso que ultrapassa a rebeldia de um amante adolescente apaixonado platonicamente por você.

Observo a insensatez de um ser outrora apaixonado, como é difícil perceber que tudo passa, porém é fácil não esquecer a amada.

Fernanda, será que em algum dia irá ler o que escrevi e poderás perceber que num afã fostes desejada.

Já na fase adulta depois de muito tempo, o destino nos cruza, mando mensagens, poesias, flores e no dia em que a coragem ultrapassa os grilhões da apatia, resolvo e te ligo, me identifico, dizes que tem namorado, pouco depois fico sabendo que tudo que fiz era uma chatice para você.

Tendes seu parceiro, marido, e como complica tudo, raramente te encontro e percebo que traio a mim mesmo revelando isto ao mundo.

Como uma boa história de amor platônico reservo o direito de compartilhar para todos que já vivenciei está experiência e quem sabe talvez todos já passaram por este caminho. Acompanhado ou a sós.

Digo que não há mistérios no amor, na paixão, tudo se resolve, mas alguma coisa permanece, as lembranças de sentimentos tão fortes não podem ser finalizadas.

Awel Munthe
Enviado por Awel Munthe em 02/02/2018
Código do texto: T6242793
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.