A FRATURA EXPOSTA

Essa é a sentença do Absoluto: fazer um verso/reverso que não seja apenas um relato de intimidades. Um verso denso que não seja somente o uivo do ser vibrando nas artérias e veias, no choro, no debruçar-se do lírio ao derramar-se. A flor do lodo em estado de pureza. Sempre fico a desejar que o poema não seja só meu e que não deixe de ser íntimo quando os olhos do poeta-leitor se debruçarem sobre a singela e humilde cicatriz lírica. Sou, sim, muito egoísta. Quero a vida se renovando para me iludir de imortalidades, enganando o tempo de despedida. Gratidão pelo mito da palavra. Loas e louvores pelo fato de existir. Para não ser mudo na solidão da clausura. Propor o diálogo enquanto vivo e me iludir de posteridades...

– Do livro A VERTENTE INSENSATA, 2017:18.

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