Pequeno relato de morte

Estou em plenitude. A missão começou desde o início e a estranheza diante o mundo era discernimento. Fui livrada da cegueira, mas antes tive que senti-la. Estive privada de fazer aquilo que mais me completa: ler e escrever. Mas não morri ainda, a escuridão e privação me impulsionaram ainda mais paciência e confiança. O medo também havia, o que foi um sofrimento desnecessário. O medo é um sofrimento criado em vão. A dor traz a coragem e fortaleza de ser uma fonte vital de Amor. Renasci. Por isso tive que morrer, estive com Deus, ouvi música celestial, senti todas as orações. Escolhi viver, para isso me agarrei ao Amor. A neurocirurgia de alta complexidade durou nove horas, dormi profundamente como há muito não dormia. Acordei falante, feliz, enxergando além da matéria, vendo a áurea das pessoas. Muitos seres luminosos, chamados anjos, cuidaram de mim. Vi também algumas energias travosas, mas não posso julgar ninguém, existe a maldade pela ignorância, não são culpados nem vítimas, é o processo de uma caminhada árdua porém bela. A compensação é incrível. Minha eterna gratidão por cada um, por tudo que passei. Sou abençoada, desde o nascimento, guiada pela Luz Divina, e o sonho no colo de Deus foi meu alicerce nos momentos difíceis. Fui escolhida ou escolhi? Realmente não sei, mas aceito emocionada porque tudo é amor.

Shauara David
Enviado por Shauara David em 25/01/2018
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