Nadando em Águas Turvas
Não me limito a dúvida; se não posso vencê-la, cortando laços com sua natureza e sintomas, tento passar de largo àquilo que me oferece.
Não é que ela não me vença, que me faça como saco de estopa para limpeza pesada, fazendo me passar até por lodo movediço para o juízo se entrambicar. Esfrega as conclusões , vivifica, por puro capricho, esqueletos do caixão, altera as vestes dos anjos, satiriza a nobreza, o trabalho duro com o refino, suja a morada interior com seus achismos . Me conduz vez ou outra àquele canto estéril, face inativa da alma.
O duvidar tenta reelaborar o passado, que putrificou. De tanto fazer, conduz a alma aos caminhos do fracasso da arte do viver no agora, desvia o rumo do peregrino daquela estrada que traria o estado de lucidez para as escolhas.
À luz dos escritos deixados pelos primeiros Cristão, a dúvida é parafraseada: “não podeis servir a dois senhores “, e muito mais
Jesus, o Cristo, foi o combatente maior contra ela. O mestre enaltecia a força, o ímpeto para a ação.
Enquanto que a dúvida trabalha numa frequência mais baixa em nós, fragiliza a ação, brinca com a autoestima, obscurece o caminho, faz do homem marionete, ficando como aparelho com mal contato, não serve de ao menos esterco para o ímpeto florescer, mantém ao fogo brando o campo mental para o fracasso, levando a esperança, a intrepidez, a ousadia para a busca da glória, do bom, do sucesso, da realização da arte do viver , a bancarrota. Serve como o matadouro ao gado. É um estrago.
Buscar refúgio passageiro nela é o que cogita a sabedoria, como a sombra de uma frondosa árvore, lugar de mero descanso, abrigo transitório para amansar a curiosidade, instantes para digerir o preparo para as escolhas
O agora está sempre no esperando ao final da esquina. Tem pressa, pede pressa. A sombra da dúvida é perversa, não dá em nada.
Vamos que vamos!