Alô

Alô!

Estou ligando pra saber como você está!

Porque eu preciso saber qual será o meu humor

Não me permitiria ficar bem, se você não atendesse

Normalmente estou à toa em minha solidão

E nesses momentos você preenche meus vazios

Sonho acordado, imagino sua silhueta

E mesmo que o dia passe de modo tão breve

A alegria ultrapassa a madrugada

Fisicamente estamos tão perto

Mas as circunstâncias nos tornam distantes

Apesar disso, dá pra sentir teu calor

São coisas, tantas e sublimes

Que a mais rica poesia mendigaria os verbetes

Inventaria qualquer razão para ouvir você dizer baixinho

Às vezes, tão baixo como um suspiro

Mesmo assim, ainda te posso entender

Neste quarto, sozinho, brigo com os lençóis

Aborreço os travesseiros,

não consigo escolher o melhor lado da cama,

mas num breve desatino

eu me pego dizendo “alô”

Não sei qual seria a reação

Apesar de tanto e tudo, um instante,

o risco de ouvir um não

Seria mentira se eu negasse a falta que você me faz

Mesmo que seja uma simples saudação

Se quantas chances houvesse, e tantas

Ligaria para ouvir novamente a tua voz

Num breve instante, me dizendo:

Alô.

Escrito há doze anos, parece que foi ontem.

Há coisas que o tempo não muda...

James Assaf
Enviado por James Assaf em 19/01/2018
Reeditado em 20/01/2018
Código do texto: T6230901
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.