MAIS COM MENOS.
Calor intenso, dias intensos, a vida parece estar apressada, ou mesmo, desgovernada ladeira abaixo. Da aurora ao alvorecer, o tempo passa em uma fração de segundos, sem ao menos percebermos. A verdade é que somos péssimos administradores do nosso próprio tempo. Se conseguíssemos administrar o nosso dia, de forma a fazer o que realmente é necessário fazer dentro do escasso de tempo disponível, teríamos condições de realizarmos mais com menos, em volume e quantidade. Mas, as vezes, para não dizer quase sempre, somos surpreendidos e distraídos com as tecnologias ao alcance das mãos. No entanto, essa facilidade descabida nos deixa acomodados, sem vontade de nada. Quando nos damos conta do que foi se perdendo no caminho, acaba sendo tarde demais para tentar consertar alguma coisa, o que foi, não volta mais. E novamente, tudo é silêncio, absoluto silêncio, que às vezes acomoda a alma, e incomoda o coração. Sou este poeta sem face, sem gosto, sem nada, uma sombra estática sem forma.
Os teus olhos em lágrimas
Jorrando tristezas
Mágoas
Incertezas jogadas ao vento
Tudo isso
Veio de teus olhos
Meigos olhos
Feiticeiros olhos
Magnânimos olhos
De brilho intenso dentro da alma
Desnudando-a
Sugando-a
Impedindo-a de sorrir
Tudo
Devido ao brilho dos teus olhos
Tocando o meu corpo
E o teu beijo quente
Que meus lábios nunca sentiu
Foi apenas um reflexo
Triste
Cabisbaixo
Perdido em teu olhar
Sou então este poeta
Sem palavras
Jogado as trevas
Sem vida
Sem nada
Desnudo.
O sol arrasta-se violentamente pelo azul celeste deste dia intenso, queimando a face de seus espectadores. Em certos momentos o calor é tão grande, que a impressão que tenho é que vou desfalecer. Poucas nuvens são vistas, como estamos no verão, é bem típico nesse período o calor intenso durante o dia e pancadas de chuvas durante o fim de tarde e noite, como de fato aconteceu. Nesta quarta-feira, décimo sétimo dia de 2018, precisamente as vinte e uma horas e vinte minutos, o céu desabou em uma pancada violenta de chuva forte, os pingos pareciam pequenas pedras que eram arremessadas no telhado. No momento da chuva eu não estava em meu castelo no reino encantado, por motivos pessoais, me dirigi à selva de pedra, no intuito de encontrar o beija-flor, aquele mesmo de outrora, essa espécime maravilhosa e multicolorida, resolveu fugir novamente, eu, poeta apaixonado, fiquei triste, cabisbaixo, foi então que sai ao encontro do beija-flor. Bom... O resultado não foi satisfatório, não encontrei minha ave. Onde estará o meu beija-flor, aquele mesmo de outrora, que arrebatou-me alma e coração, fazendo de mim, um eterno escravo.
Os teus lábios
Meu desejo
Meu sonho
Minha loucura
Insano poeta me tornei
Apenas na expectativa
De um beijo
Um único beijo
Mas os teus lábios
Tão vermelhos
Intensos
Tão molhados
Provocando meus sentimentos
Então em desespero
Risco no papel minha loucura
Em versos tortos
Sem razão
Como ondas do mar
Tudo
Por causa
De teus lábios de anjo ledo
Minha alma está em prantos
O meu coração em trevas
Apenas os teus lábios
Apenas eles
E nada mais
Aliado aos teus olhos
Tem o poder de me libertar
Enquanto isso
Aguardo ansioso
O momento desse beijo de amor.