Identidade
Olho-me no espelho, corpo inteiro
Inteiramente sozinho em mim
É o destino que escolhi, sem saber
Talvez.
Olho-me através do espelho, espessas lentes
Hoje necessito tanto enxergar-me
Sem vaidades, sem pressa, sem culpa
O caminho caminhado até aqui
Não foi tão longo, mas cheguei longe
Daquilo que era quando menino
Olho-me de lado, na transversal
O sal do meu suor engrossa-me a pele
E os meus dedos tocam a claridade
A casa cada dia mais vazia, mais silenciosa
Hoje não há festa em mim, somente refúgios
Olho-me e vejo-me agraciado pelo tempo
A chuva lá fora lava a alma das folhas
Dos passarinhos
Milton Oliveira
17jan/2018