QUEM É VOCÊ BEIJA-FLOR?

Hoje, décimo terceiro dia, do novo ano de 2018, sábado, dezesseis horas e cinquenta minutos, escondido em meu quarto, ao som da chuva que cai, eu fui assaltado repentinamente pelas lembranças de outros tempo. E nessa lembrança, o beija-flor, aquele mesmo de outrora, resolveu aparecer.

Quem és tu?

Que és tu ave inocente?

A vagar nas ruas tristemente,

Quem és tu afinal?

Teus dias são segredos,

Tuas noites mais frias,

E os lugares mais esquecidos.

Tem as mulheres um poder indescritível sobre os homens, poder de dominá-los e usá-los, para fazer deles o que bem quiserem. O homem desprovido de suas forças, se rende a um olhar, a um sorriso feiticeiro que lançado pela mulher faz do homem prisioneiro, todo homem é um prisioneiro.

Estavamos em seu quarto naquela ocasião, o beija-flor ouvia músicas, enquanto eu escrevia. A sua face estava primorosa naquele dia, brilhava mais que o sol, os olhos, os lábios, tudo enfim, reluzia de forma magnífica. Diante de um ser tão formoso, eu não conseguia concentração para minha escrita. Me tornei um prisioneiro, um autêntico escravo do beija-flor.

Quem és tu alma aventureira?

Tu que voa contra os eventos,

Buscando a dor,

Em teus sonhos confusos e errantes,

Buscas porventura o amor?

Ainda tenho gravado em minhas lembranças cada detalhe daquele momento, aquelas horas, aqueles instantes e segundos. Se o que sinto não for amor, o que é não sei. Nós somos fracos, inocentes, humanos apenas. Somos dominados pelo amor, somos maltratados por esse sentimento tão desumano e ao mesmo tempo, tão prazeroso e sem razão.

Ela é um beija-flor, uma rosa, diz certo escritor; que há dois momentos em que a rosa, a flor da beleza, tem para ele irresistível encanto: É quando desata as mil folhas ostentando o brilho das cores e a régia altivez de sua coroa; e quando desfalece ao beijo ardente do sol, evaporando das pétalas plácidas o palido matiz e o aroma sutil.

Que és tua alma aeda?

Em teu seio lateja a ferida,

Poucas alegrias,

E nesta vida amarga,

Choras todos os dias.

Esse beija-flor, assim como a rosa descrita pelo escritor, tem em seus olhos um brilho tímido e estranho, ela tem em seus lábios a doçura amarga de um sorriso que se perdeu. Essa majestosa ave, tem em sua face, o encanto saboroso da vida. Eu a amo, e amo o seu perfume inebriante. Nela fixo os meus olhos, mas ela não pode me ver, eu a beijo no pensamento, ela não corresponde aos meus beijos, eu declarei todo o meu intenso amor, silenciosa, atenta e imóvel, ela não responde.

O beija-flor desperta loucuras, inveja até mesmo o luar. O beija-flor, misteriosa ave, não ama, mas é amada, não vê, mas está sendo admirada, não beija, mas será beijada. Beija-flor impetuoso, devastador de corações e almas, o cupido não ousa aproximar-se dessa ave, pois ela, roubou-lhe todas as flechas contendo o amor.

Quem és tu coração misterioso?

Quem é esta ave magnífica?

Quem é esta flor?

Quem é este belo beija-flor?

Afinal poeta, me diga, quem é?

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 13/01/2018
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