VOOS ASTRAIS
VOOS ASTRAIS
Minha alma tão leve
voa contigo pelos espaços astrais,
enquanto nossos corpos repousam
sobre a cama macia,
envoltos pelo clarão do luar.
Por alguns instantes
somos almas livres, passeando
de mãos dadas por entre as nuvens
anoitecidas, que nos acolhem
com a leveza de ninho de lã,
para que nos amemos
em meio a harmonia da paz astral.
Têm noites que agimos assim:
substituimos o prazer carnal
pela satisfação espiritual;
deixamos que os nossos corpos
adormeçam, para que as nossas
almas se desdobrem e voem bem
enlaçadas, porque almejamos exercer,
não a paixão carnal efêmera,
mas o amor espiritual eterno.
Um cheiro suave de flor
envolve os nossos perispíritos,
cujas luzes que lhes exteriorizam
se mesclam com as luzes das estrelas,
que se derramam em faíscas
lampejantes, gerando excitação
em nosso sublime amor.
Por alguns momentos
somos pássaros livres e imitamos
o casal de beija-flor,
que se abraçam, se beijam e fazem
amor, flutuando nos ares amenos do dia.
Aprendemos a amar um ao outro,
não pelo gozo dos nossos instintos carnais;
mas pelos bons sentimentos que nos unem,
e que se consolidam em nossos voos
perispirituais; quando nos despimos do peso
e influência corpóreos, para nos vestirmos
da leveza e doação sentimentais
emanadas de nossas essências amorosas.
E é sempre assim, em nossa relação afetiva,
que se sustenta mais pelos bons sentimentos
morais, do que pelos instintivos prazeres carnais;
feita de hábitos simples em nosso cotidiano
doméstico, que se estendem pelas tarefas
interativas com as gentes fraternas,
as quais servimos, auxiliamos e consolamos
mutuamente, na humildade dos gestos caridosos;
de almas honestas que se edificam
pelo simples viver, apoiadas nos valores morais
que ensinam os mestres espirituais,
cujas ideias excelsas se preservam nos livros
sagrados, que se abrem a todo instante
pelas mãos dos que almejam se instruírem
e porem em prática a melhoria da consciência
que evolui, seguindo pelas veredas virtuosas.
Assim agimos durante o dia,
ocupando-se com as boas ações existenciais;
retirando de nossas almas
os nobres gestos amorosos
que serão semeados nas gentes
carentes do conforto espiritual;
Mas sabemos que os corpos carnais
precisam do repouso pelo sono reparador,
e todas as noites a cama macia nos espera;
como almas compreensivas,
colocamos os nossos corpos para dormir;
em pouco tempo, saímos dos nossos corpos
e os nossos perispíritos
nos veem dormindo profundamente;
é hora então, bem enlaçados, de voarmos
como pássaros livres pelas cercanias astrais;
às vezes, visitamos os umbrais,
onde sofrem os nossos irmãos infelizes;
às vezes, visitamos as colônias,
onde vivem os nossos irmãos felizes;
e, de ambas as situações distintas,
aprendemos proveitosas lições de vida;
e ainda sobra um tempinho
para que, no interior das nuvens escuras,
os nossos perispíritos as iluminem;
e antes que os nossos corpos despertem,
nos deitamos sobre o ninho de lã das nuvens,
e gozamos o nosso pleno amor espiritual.
Escritor Adilson Fontoura