Tempero das madrugadas
De tudo sou nada
Do refúgio na madrugada
Do cair da noite
Ao nascer do dia
Sou brisa que açoita
Que balança as folhas
Que secas caem ao chão
Ih! Deu fome...
Sou tempero baiano
Sou moqueca, sou vatapá.
Se no baião de dois
Tivesse os quindo lê lê
No quindim da Ia
O côco ralado
Já adoçado pela moça da lata
Cuscuz, mongongá, tapioca.
Pudim de açaí, e paçoca.
Folha de laranjeira
Com mel de cidreira
Num chá bem quente
Saboreando a bolo da bobeira
Da pimenta malagueta, que tempera.
A carne que prepara o almoço
Depois de tanta comida
A dormida da tarde
Que revigora, energisa.
Pra de novo esperar
A caída da noite
Que será passageira
Pra de novo voltar
Nos pratos baianos
De temperos bem quentes
Que enchem a gente
De tantas delícias
Que encantam o paladar
Que refino, que apurado.
O gosto de gostar não é pecado
Da comida boa bem feita
Suculenta e temperada
Faz da cozinha a morada
Reunião dos convivas