a não memória
Ter lembranças somente para esquecer-se
Num dia de chuva sem cessar de chover
Ter carências somente para se abraçar- te
E esquecer-se do cansaço da chuva a escorrer
Pode ser que nos encontremos novamente
Num caminho que não seja nem o meu nem o teu
Seja somente um caminho que inventamos
Quando éramos tão íntimos que inventávamos caminhos
Lembro-te longe, tão longe das minhas distâncias
Tão errante dos meus mesmos erros ofegantes
A memória ás vezes falha propositalmente e mente
Para nós, e nos desata do aqui e nos leva pelas mãos
Pode ser que não nos vejamos nunca mais, nem mais
E nos esqueçamos dos nossos beijos tão selvagens
Dos nossos mormaços nas noites de lua alta, míngua
E quem sabe algum dia nos vejamos depressa, depressa
Como dois seres de nunca mais
Milton Oliveira
09jan/2018