COTIDIANO DE UM PASSADO VIZINHO

Suspiros, algo tão doce, parque, criança, sorriso

Pipoca a inventar, pé de moleque a correr

Tudo tão igual e tão raro, tão caro

Não caro de dinheiro, mas caro de tempo.

Mulher à janela, banda na rua, a velha quitanda

Manga madura implorando para ser colhida

Acolhida? Que nada, melhor cair sozinha

Cheiros e sons de um passado ali, vizinho.

Carro com corneta barulhenta anuncia o circo

'Hoje tem palhaço? Tem sim senhor!'

Não de cara pintada com piada inventada

Mas com sonho quebrado, olhar distante...

Barracas estão prontas e enfeitadas, cheirosas

Pastel fritando, leiloeiro a gritar sem parar

'Dole uma, duas, três; ninguém mais arrematou

Tem quermesse sim, mas falta gente com fé

ou melhor, falta fé na gente!

All Xavier
Enviado por All Xavier em 09/01/2018
Reeditado em 30/01/2018
Código do texto: T6221052
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