COTIDIANO DE UM PASSADO VIZINHO
Suspiros, algo tão doce, parque, criança, sorriso
Pipoca a inventar, pé de moleque a correr
Tudo tão igual e tão raro, tão caro
Não caro de dinheiro, mas caro de tempo.
Mulher à janela, banda na rua, a velha quitanda
Manga madura implorando para ser colhida
Acolhida? Que nada, melhor cair sozinha
Cheiros e sons de um passado ali, vizinho.
Carro com corneta barulhenta anuncia o circo
'Hoje tem palhaço? Tem sim senhor!'
Não de cara pintada com piada inventada
Mas com sonho quebrado, olhar distante...
Barracas estão prontas e enfeitadas, cheirosas
Pastel fritando, leiloeiro a gritar sem parar
'Dole uma, duas, três; ninguém mais arrematou
Tem quermesse sim, mas falta gente com fé
ou melhor, falta fé na gente!