Meus barquinhos
Contam os povos que quando chove na morte e enterro de alguém é sinal de que as portas do céu estão se abrindo pr'aquele que vem.
Cantam meus olhos que quando chove, e chove no exato instante em que meus olhos fazem coro com a chuva, que a água lava, leva e eleva, tornando-nos o próprio Outro que vem.
Contam e cantam as conchas que quando um rio submerso se entrega ao tempo, vai vir a mar. Nesse coro dos que contam e cantam, eu me encanto da enxurrada onde eu sempre lancei meus barquinhos.
Neles, sempre houve e se ouve o verso de mim.