Sentimentos Errantes
A luz da lua formosa refletiu em seu rosto a dor da ilusão, ilusão tão sublime que por instantes parecia ser verdade, e como bruma sem forma, limitação ou extremidade expande-se até o mais profundo do ser.
A ilusão absoluta, essência da negação da falta, clamor urgente que anuncia a transformação igual badalar dos sinos avisando aos quatro ventos o tempo que corre sem direção.
Como conter algo sem forma? Como agarrar um sentimento que vive em corações separados ? Como escutar o som quente de sua respiração e ouvir sua voz tremida gravada na memória interna da minha alma.
Com uma coragem nova em mim ergo os olhos e encontro o céu carregado de nuvens pesadas que antecedem um temporal, os ventos se agitam, algo dentro de mim teme não encontrar o caminho de volta.
Algo em mim sonha com um instante intenso que devolva-me a vida, algo dentro de mim nega olhar para o que deixei tempos atrás, mas é preciso lançar-se em busca. É preciso buscar um caminho , é preciso sentir a essência , a fragrância , a luz , a sombra , o riso solto , o soluço inquieto.
O vento arrasta a areia, sacode as arvores , carrega as folhas e eu parada dentro de um abrigo frágil improvisado com medo de ficar e com medo de sair, mas esconder-se não será a solução.
O primeiro passo é dado, ponho-me de pé abro os braços e deixo que a natureza siga seu rumo , deixo que a sabedoria da vida guie os meus caminhos.
Diante da firme decisão os ventos cessam, eles passam por mim, sopram em meus ouvidos , tocam minha pele , levando tudo que eu preciso deixar ir .
Escuto em algum lugar uma voz suave, uma voz mansa, uma voz lenta e gradual, preciso olhar nos olhos , preciso abrir os olhos e olhar para a sua lembrança em mim.
Saudade é a simples expressão da ausência que que fica do amor que não ficou.
Thércia Lucena Grangeiro Maranhão
03/01/2018