Tudo igual após o ontem
O sol escorre em luz quente pelas janelas dos edifícios,
na manhã que levanta em novo dia.
A vida tece apressada pelas ruas:
colcha de sentimentos, solidão em meio às multidões.
Caminhos que se seguem no mesmo compasso e
na mesma vontade de ganhar novos rumos.
Que haja luz e paz, amor, água e alimentos nas
sombras ofertadas pela boca da noite, depois do labor de cada um.
Lares e portas denotando abrigos. Que sejam fartos de proteção!
Que crianças sejam partos de sorrisos para os adultos em regressão.
Vai-se o tempo na viagem sem fim.
Carrega consigo marcas, para dar a flacidez da pele;
limo para a concretude das pedras; lodos para guiar as águas nos canais; cenas para se fazer a história.
Bailam conversas entrecortadas pelo barulho,
levadas ao vento, depois de ouvidas.
A rotina faz as nações de pessoas,
cada qual presa nos seus limites de convívio e individualidades.
Há mais que dinheiro nos cofres da alma,
mas reluz somente o ouro da ganância.
Há mais que linhas e digitais nas palmas estendidas mendigando moedas. Diferenças que não precisavam ser.
Mas, eis que existem; e os atos só finalizam quando se fecham as cortinas. E o palco da vida é extenso e as cortinas precisam de mais tecidos. É vida que segue implorando vida, enquanto o sol escorre em luz quente. É apenas mais um dia, após o ontem.