BIG BANG EM MEIO À ESCURIDÃO

As paredes da casa nos enganam

As areias do tempo se esvaem

Devagar por entre os nossos dedos

Um rio de pensamentos corre

Enquanto os desejos confusos

Voam como as folhas pelo vento

Somos vidas paralelas

Em dimensões opostas

Somos sonhos divididos

Em som e fúria

As pinturas no teto espiam

Cada passo de nossa direção

Escritas em línguas mortas

Há charadas para nos guiar

E os sentimentos são meros visitantes

Num mundo de sombras

Todas as coisas parecem estar no meio do caminho

Tudo tão parado e eterno e imutável

Um cosmos na palma da mão

Em silêncio triste

Quando, devagar,

A cidade mostra suas muralhas

E o coração grita

- A liberdade é fera no nosso peito

Quando a natureza falar mais que a razão

E a vida e os homens

Levarem-nos tão para longe...

Podemos ser então

Big Bang em meio à escuridão!

Que haja tanta luz num aperto de mão...

Que um coração que ama

Seja flor entre os escombros

Que uma mente que pensa

Seja uma semente pela terra

Em meio a tantas coisas imóveis e mortas

Que um beijo seja uma explosão de vida...