[Na tela, o transeunte anônimo]
Tenho certeza de que eu já estive nalguma paisagem,
principalmente, na paisagem noturna dos bares, das ruas!
Mas quando eu estive “lá” — que pena! —
não havia um pintor que capturasse a minha imagem
e me tornasse um elemento quase neutro de sua tela.
Algo assim — eu seria o vulto de um transeunte anônimo
cujo rosto não interessa particularmente a ninguém,
um figurante que só faz número, e não é capturado em alguma ação!
Desperdiça-se assim a oportunidade que eu teria de entrar numa tela, algo com que eu sempre sonho — literalmente, entrar num bela paisagem, e quiçá, reconhecer-me — só eu me saberia!
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[Desterro, 17 de dezembro de 2017, às 18h20]