Serrinha: Berço do Jongo


        Jongo, dança africana, considerado o avô do samba, está em todos os cantos do Brasil. Mas aqui vamos nos deter, num primeiro momento, ao Rio de Janeiro, essencialmente no Morro da Serrinha, região que fica entre Madureira e Osvaldo Cruz. O Jongo foi trazido para cá logo depois da abolição do regime escravagista, cuja prática da manifestação foi centralizada por muito tempo na antiga zona rural, na Côrte Imperial, atraia muitos migrantes e antigos escravos vindo do Vale do Paraíba trabalhadores das fazendas de café. Cabe frisar que se destacaram nessa cultura Maria Teresa dos Santos, ex-escrava; parentes ou aparentados e vizinhos da comunidade, entre os quais, Mano Elói (Eloy Anthero Dias), Sebastião Mulequinho e tia Eulália, todos ligados à fundação da Escola de Samba Império Serrano.
        Segundo informações, o Jongo é parente do Samba (Masemba de Angola). O Jongo foi trazido por negros bantos, sequestrado e comercializados como escravos nos antigos reinos Ndongo e Kongo, região compreendida por boa parte do território angolano. O jongo é composto por melodias e bailado característicos onde os poetas que o animam também improvisam desafios entre si; cantos ou pontos misteriosos.
        Possivelmente, o Jongo traz na sua origem (de acordo com os pontos de sua estrutura de cantos), adivinhações angolanas que se convencionou chamar de jinongonongo.
        É como uma crença, mantendo traço ativo de sua própria linguagem cujos símbolos têm, de acordo com suposição, “função mágica ou sagrada”. Assim com o fogo se afina os instrumentos e ilumina almas dos ancestrais; cujos tambores são consagrados e tidos como ascendentes da comunidade em si. A dança de roda contendo um casal no meio transmite à fertilidade. E, ao cantar, os jongueiros se utilizam de muitas metáforas para compor os chamados “pontos”, não perdendo o sentido, mas nunca está acessível aos não jongueiros.
        E para que este texto não fique cansativo, como é de praxe, no que escrevo, vou chamar esta de a primeira parte do Jongo, porque ainda há muito que dizer para que todo nosso povo tenha sua memória reativada para manter viva a cultura, legado maior, deixada por nossos antepassados.


Fotos
Domínio público
File:Caxambu michel tannus porciuncula evento.JPG
Carregamento: 11 de maio de 2009
R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 22/12/2017
Reeditado em 22/12/2017
Código do texto: T6205754
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