Sinto em mim agora o avesso do amor que não é paralelo do ódio como pressupõe-se
O meu desejo íntimo e legítimo transmutou-se numa atrocidade e agora me causa asco
A bela imagem que via foi espatifada é agora só escombros temíveis aos meus olhos
A minha alegria se tornou assombrosa demais para suportá-la, então a enterrei num vaso
Lancei no deserto do céu noturno o terror que quis me tomar de todas as formas e sumi
Os meus fantasmas se diluíram na chuva e viraram granizos que esbranquiçaram todo o solo
A tempestade dos meus olhos destruiu meu jardim de cactos mais uma vez, mais outra vez
Após socorrer as urgências, que nada eram além de molho de tomate, a ironia riu de mim
Olhei nos olhos da morte e ela piscou sedutoramente para meus olhos num convite de loucura
As avenidas se estreitaram e são ruelas após ruelas repletas de becos com saídas macabras
Ousaram apagar as estrelas e esconder a lua, sequestraram o sol e o mantém em cativeiro
Quantas vidas serão necessárias para pagar o resgate do impensável numa mente sólida?
Quantas vidas serão roubadas e traficadas para outros corpos indecentes numa mente líquida?
Olha, veja o que ocorreu na correria sem propósito, num desatino que ferveu e se esparramou
Qual destino foi este escolhido que julgou-se tão necessária uma cisão não sei, mas não vou
Os meus voos sobre todos os lugares que posso e gosto de ir estão suspensos devido ao mau tempo
Estou farta de asco, terrores, vendavais e precipitação de temporais de insanidades programadas
-Por favor, vá, mesmo que não entenda, aproveite; sua cela está aberta e a sentinela adormeceu