ANTE A TARDE
ANTE A TARDE
Ante a tarde, mesmo com o sol já morno,
olho o Astro-Rei no horizonte só de soslaio;
mas sei que a sua luz natural se mescla
com a minha luz interior,
gerando cintilações poéticas
que ressoam no ocaso rubro da tarde finda.
Fico contente com o por-do-sol,
por ele deixar-me o último vento fresco da primavera
junto com as fragrâncias da variedade de flores silvestres.
Apesar do início de verão trazer-me um vento quente
no mormaço abafado com prenúncio de chuva,
deixarei que o canto canoro do rouxinol
me inspire a escrever alguns versos bucólicos
que me levem a apreciar o início da noite enluarada,
onde os mortos (seres espirituais vivos),
têm o hábito espontâneo de passearem por entre
as cercanias campestres, talvez bisbilhotando
o que dizem os casais enamorados em suas falas íntimas,
para se sentirem cúmplices dos sussurros, carícias e beijos
movidos pelo instinto das paixões carnais mundanas.
A poesia me visita a todo instante não porque sou poeta,
mas porque escrevo a poesia que vem de Deus, pois Ele sim,
é o Maior Poeta do Universo. O Poeta que Cria e Recria
todas as coisas de modo incessante. Assim, escrevo a poesia
(pela via mediúnica) que tomo de empréstimo do Poeta Criador.
Se costumo sair do meu corpo físico para distrair-me com outros
espíritos do outro lado da vida, coisa tão natural, é só para tirar
proveito, oxalá seja um bom proveito, do que Deus me concede
em sair um pouco da prisão carnal, antes de livrar-me dela
pela morte que a encontra, soltando-me para a vida espiritual infinita.
Pássaros, aviões, aerobus, espíritos diversos, são meus companheiros
de viagem astral, cuja leveza e paz espiritual, nem se compara
de longe com o peso e violência da vida carnal na escola terrestre.
Se visito os umbrais infelizes, é para auxiliar os espíritos que almejam
a reabilitação, a correção das faltas cometidas. Todavia, se me é
permitido visitar as colônias felizes (uma raridade em nosso mundo
inferior), é para aprender e sentir o quão edificante será o meu porvir
regenerativo na Terra, se fizer o bom plantio no hoje, para fazer
a boa colheita no amanhã. Ocorre que, para uns, talvez a maioria,
essas coisas, essas minúcias evolutivas não têm relevância. Mas para
outros, não gostaria (nem Deus, nem Jesus, nem os Anjos, nem os Bons Espíritos)
que fosse a minoria, é essencial ao virtuoso e eterno viver do espírito.
Escritor Adilson Fontoura