Conversa entre amigos
Aqui, confortavelmente, assistindo as atitudes incoerentes deste meu coração.
Outrora fujão, um tanto quanto arredio. Muito concentrado, tão pensativo...
Tornou-se, de uma hora para outra, angelical, meio passional, derretido!
Já nem se lembra o quanto foi machucado, magoado, até esquecido.
Hoje é feliz, empolgado, contemplativo. Até solene.
Esqueceu o velho cansaço. Encara as lutas em acelerado ritmo.
Bate, acomoda-se num peito antigo mas com vigor e pique de adolescente.
Ele é mesmo incoerente. Respeita as convenções, pensando avançar os sinais.
Às vezes, reclama por pouco, mesmo já tendo demais. Compare-se com os demais!
Assim, você me mata, rapaz! Preserve este seu amigo ou ficará sem abrigo, abandonado ao relento.
Não, assim eu não mais aguento. Saia de cima do muro!
Mas eu não sou pão duro. Oferto-lhe minha decisão.
Venha, com a sua imensa emoção, conhecer a minha ponderada razão.
Juntos encontraremos o equilíbrio.
No caminho, falaremos como recuperar o tempo perdido!