Ritual de passagem

Agora a escrita é como uma confissão -

a velha curandeira

com olhos de águia

lança verdades negadas

ao fogo da consciência.

Nasce o oco

brota a sombra,

cava as chagas

explora.

Em seguinte conclama

_ Vai criança ingênua!

Rebusca a nascente de tuas desgraças -

Empresta-me os olhos,

em função da guiança,

por onde leio:

te borras em demasia

q’ua dona da foice

que pões em vida o luto

e em óbito certeiro

o possível morto.

Tudo posto em caldeirão,

aquecido, diluído, transformado...

O renascer das cinzas.