O Trem partiu Agora Pouco
Existe um intimismo meu com o mundo, mesmo sabendo que não tenho o domínio de como funciona a engenhoca que o alimenta.
Os significados se revelam numa nudez pura, singela, emergindo do subcutâneo dos fatos, tem retoques e acabamentos como dos trabalhos artísticos, o belo e o feio se misturam.
Mãe e prole perambulando sem rumo na cidade de pedra, sujos, representando a pobreza, a miséria.
A autoria de quem os promovem vive pulverizada nos fatos.
A fome, necessidades insatisfeitas do ter de séculos, escancaradas na vitrine do entendimento, pedindo saciedade.
A contemplação do vôo dos pássaros no jardim, até mesmo o degustar do som da melodia tocada pelo músico, levando a alma junto ao som que extrai do instrumento, tem o momento de se revelarem.
Viver assim ou sair da situação toda englobante, não depende do querer.
Existe um estado fora do agora que atrai o ser, apossa de todos sentimentos e emoções que são fabricados na linha de frente, tem poder de síntese, absorve o que somos em personalidade, cala a alma, pede ressignificação dela.
Aglutina o amontoado de característica que diz ser "Eu', pedindo eleição de propósito. Leva o entendimento à hipótese de que haja engatilhado junto a natureza que portamos, um ideal maior de refinamento interior, compassivo, que pede ida, cuja administração e destino somente nós compete o realizar.
Sinto parte de um organismo maior que me expõe a um processo metabólico de aperfeiçoamento interior, tendo como "chave de ignição " o direito natural de livre escolha que porto.
O trem está todo dia me esperando para o embarque ao acordar, agindo ou não, a intimidade perdura até que o sono me visite a noite.
Acabei de embarcar.
Bom dia e boa viagem, amigos!