O LIVRO DA CAPA VERMELHA

Resta atento no peito

E disto lembro bem

Seus mistérios e segredos

Seus sussurros e seus medos

Do alto do palco

Não transparecia

Mas por trás das cortinas

Seu temor crescia

A idade chegava

As vestes puídas

Os sinais do tempo

(Velho inimigo implacável)

Temia tanto ser esquecida

Que chorava ruidosamente

Em prantos toda noite e

Copiosamente

Certo dia

Eu que não sou santa

Fiz-lhe o tão pedido favor

Com o cordão de finas pérolas negras

Calei seu temor

Encerrei seu terror

Seus dias na terra

Isso já terminou...

Eu que também não fui pura

Me beneficiei do furor

Escrevi em meu livro

Quem lhe matou

Em minhas paginas imprimi

Uma memória infinita de sua beleza,

De sua pureza,

De sua grandeza,

Seu charme no palco,

Seu brilho,

Seus passos

Inimiga de mim mesma

Sua única e eterna irmã

Beneficiamos a nós mesmas

Você para sempre será lembrada

Eu finalmente fui reconhecida

Em breve nos reencontraremos

Tão logo, em outra vida.

Os segredos, os detalhes

Entalhei em finas linhas

Que mesmo com meu esforço

Bem pouco se assemelha

Mas ainda assim transcrevi num livro

No livro da capa vermelha

Rosa de Almeida
Enviado por Rosa de Almeida em 04/12/2017
Reeditado em 06/12/2017
Código do texto: T6189740
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