OUTRAS PRECIOSIDADES (82)
O HABITANTE E SUA ESPERANÇA (1)
Sob a luz noturna os quatro cavalos são negros
e descansam deitados à margem da água como os
países no mapa. Rivas e eu nos juntamos no Roble
Huacho e nos pomos a andar a pé sem falar.
Cães ladram na vasta lonjura, em todas as partes,
e um vapor branco emana dos telhados silenciosos.
- Já serão três horas ?
- Provavelmente.
Dei um salto, e com movimentos vagarosos abri
a porteira. O gado se levanta e sai lentamente. Os
chocalhos ressoam profundamente com sua
intermitência redobrada, metálica, fatal.
Roubar cavalos é fácil e, contentes, eu e Rivas
tocamos os animais. Rivas conhece seu ofício e
logo chegará com o roubo a Limaiquén, e ninguém
como ele saberá ocultá-lo e vendê-lo.
Despedimo-nos e em galope violento chego ao
meu caminho, descendo as colinas, e continuo
andando depressa à beira-mar, salpicando-me,
deixando-me fustigar pelo forte vento da noite
do mar.