Presente de Deus
És uma das verdades absolutas que tenho. És produto acabado, bem acabado do melhor que há em mim.
És o portal de um mundo idealizado e criado bem aqui dentro.
És a minha segura fortaleza. Minha realidade desejada e sonhada que me mantem isento das maledicências e dos inteperes contemporâneos.
És meu único tesouro. És lapidada jóia rara de valor imensurável, cobiçada, amada, bem guardada à sete chaves no território do meu coração.
És destino de difícil acesso e, por isso mesmo, que te quero, te cuido, te conservo assim.
És preciosidade, egoisticamente, minha. Uma riqueza não declarada, cuidadosamente escondida na inexplorada ilha do meu espírito carente.
Bom seria, declarar a independência em um discurso inflamado pela emoção, bem distante da razão. Gritar à plenos pulmões que és integralmente minha.
Por ti, ultrapasso as fronteiras, enfrento todas as trincheiras dos mais ferrenhos exércitos, invadindo os seus domínios.
Mas o bom senso prevalece. Caio das densas nuvens de um firmamento sonhado e vivido por mim e, com um certo gosto amargo, acabo lembrando e reconhecendo que por seres o amor; por teres o sobrenome harmonia, não te posso reter, deter.
És dádiva, eu dogma. És senhoria, eu vassalo.
E assim, sob essa perspectiva e sobre toda e qualquer condição, vem a divindade exigir, a cobrar que és uma virtude a ser compartilhada, equitativamente dividida.
És a infinita bondade. És de todos nós. És presença de Deus nas nossas vidas.